Vazios os dois potes de biscoitos. No de sal algum farelo. Depois da crise mais violente fica mais a vontade, as palavras se espancam dentro da cabeça. – Vai se acostumando. Conselho da mãe. – Outros sofreram antes de você, seu pai chorava a noite até dormir com uma garrafa enrolada no lençol. Desconfiado. Encontro com coisas guardadas em lugares que não esperava. rancor recolhido cultivado dentro da cabeça estúpida. Dois potes vazios, nem sal, nem açúcar para aplacar o gosto amargo.
viernes, 18 de noviembre de 2011
Sem sal e açucar
Rodamoinho
Tudo começou como num redemoinho. Reviravam a casa, a coisa perdida era algo ainda abstrato, mas imprescindível. Saberiam quando a encontrassem. Somente a sensação de irreparável perda. Perguntas oscilavam em lembranças e mergulhos no cerne da questão. Buscas incontáveis na casa toda. Veio à noite e as sombras escondiam mais, o lugar revelou possuir inúmeros segredos, cantos esquecidos ganhavam outros interesses. As vigílias revezaram-se até de manhã. Café tomado às pressas, levou mais um dia nas buscas, olhos cansados de levar e trazer coisas, por fim, vacilantes tomavam coisas já vistas como se fosse a perdida, apaziguados foram se acomodando novamente pelo esquecimento.
Malaca vai pro inferno
Rei do Congo
Rua Taraumaras, um negrão empinando as cadeiras de rei do Congo. Uma vela faz luzir a garrafa no meio da rua. Dentes que as luzes não pouparam. – Prezado fique com minha gravata que o pescoço é para a navalha. A velha vestida de luto. Ele emborcado dentro do prato com farofa do despacho desfeito.
Alice
A vida para Alice era a mesma brincadeira de quando criança, quando alguma coisa ficava mais complicada ela chorava. Seu choro comovia, impressionava a veracidade melada daquelas lágrimas que vinham como um colírio para os olhos em chamas. As mãos contorciam, tapavam o rosto como uma mascara deixando os dois olhões brilhando entre os dedos.
Bons tratos
Ferrou um berro dentro do ouvido, zumbindo, enfezou e espalmou falanges na cara do outro. Pesca com a cabeça e retorna revidando, mas acontece a estocada. O ferro com a ponta machucando as tripas. Emborca e cai. Já dentro do camburão o pau rolava. Cascudo e cachuleta. Na delegacia o empinaram num pau de arara. Solaram os pés com uma palmatória de lata. Sarado dos maus tratos dentro da cela os outros não deram descanso, um afeminado revelou. – Aqui Serginho é assim, quem não come leva. Não teve chance, caíram em cima dele. Com o tempo acostumou, fazia como pediam. Revelou-se um profissional. Saiu e aprendeu com quem deveria ir, o corpo modelado no silicone. Conheceu um cara e montou apartamento, deu tudo, não pode evitar apaixonar-se, juntou dinheiro e fez cirurgia, hoje moram em Petrópolis e estão pensando em adotar um menino.
Melissa
O cabeça de Negro ta de olho na Melissa do Matraca, dizem que estão enganando o besta, fazendo dupla cruzada que só em parede de cemitério. Ontem mesmo os dois se estranharam na disputa pelo tri-campeonato no Bola Preta. Na hora do vira houve um mal entendido que só não furavam um ao outro porque os do deixa disso não deram folga. Aquela deixa de enfiar pelo avesso a historia era injuria. Matraca vai de chinelo e não vê a hora de tirar da lembrança esta historia de desapego e traição.